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Imagens mostram instantes seguintes à morte de jovem assassinado por PM

Imagens de câmera de segurança que registraram o que aconteceu após tiro ser disparado
JC online

Imagens de uma câmera de segurança flagraram os instantes seguintes ao disparo de fuzil que matou o estudante Marcelo Laureano Gomes Filho, 16 anos. Ele foi assassinado na terça-feira, quando tentava fugir de uma abordagem policial feita pela Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área da Caatinga (Ciosac), na cidade de Escada, Zona da Mata Sul do Estado. O Jornal do Commercio teve acesso às imagens que mostram o momento em que a caminhonente preta, dirigida pelo adolescente, desce desgovernada pela Rua Comendador José Pereira, onde aconteceu a abordagem. As duas portas do lado do passageiro estão abertas e um policial da Ciosac aparece com uma arma na mão, tentando acompanhar o carro, que para logo em seguida, após bater na mureta de ferro de uma agência bancária.

São exatamente 22h22, quando a câmera registra o veículo desgovernado. De acordo com o relato do irmão de Marcelo, Guilherme de Oliveira Gomes, 19, que estava no banco do passageiro, ao lado da vítima, o carro começa a descer logo após o jovem ser atingido na cabeça. O tiro disparado perfurou o vidro da porta traseira do lado do motorista e atingiu a nuca de Marcelo, que morreu na hora. O corpo do adolescente caiu sobre o volante. Foi quando o veículo ficou descontrolado e desceu pela rua. Na imagem, o PM que corre ao lado do carro parece segurar uma pistola na mão direita. Minutos depois, começa a movimentação dos policiais da Ciosac de um lado para o outro. Às 22h36, a câmera registra três PMs conversando e gesticulando bastante. Um deles parece tentar explicar com gestos o que aconteceu.

Cerca de 20 minutos depois, é Guilherme, irmão de Marcelo, que aparece na calçada bastante nervoso. As imagens mostram o desespero do estudante. Ele senta no meio-fio, tenta fazer uma ligação, levanta e começa a chorar. Guilherme conversa com uma mulher e um homem que procuram acalmá-lo. Ele também gesticula muito, como se estivesse contando o que acabara de presenciar. O jovem faz um movimento semelhante ao de alguém segurando uma arma. O tempo todo ele aponta para os policiais. Logo em seguida, surge um dos rapazes que estavam na companhia dos dois irmãos dentro do carro. Anderson Douglas da Silva, 17, passa bastante nervoso e segurando dois capacetes. Na sequência, a movimentação aumenta e começam a aparecer muitos moradores na rua.

Todas as imagens de câmeras de estabelecimentos comerciais e bancários da área já foram solicitadas pela polícia. Em outra gravação, que conseguiu registrar o momento da abordagem da viatura da Ciosac, é possível ver a caminhonete e o Corola branco, sem placa, lado a lado na frente da agência do Banco do Brasil. Ontem a caminhonete dirigida pelo estudante continuava estacionada na frente da delegacia. O veículo ainda aguarda a perícia. No interior do carro, as manchas de sangue se espalham pelo banco do motorista, do passageiro, caixa de marcha e volante. O carro também apresenta marcas de batida na parte traseira.

Em depoimento prestado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, que investiga o caso, o sargento Miguel de Souza, autor do disparo contra o estudante, reafirmou que o tiro foi acidental. Ele alegou que numa das manobras para tentar fugir, o jovem teria colocado o carro para cima dos policiais da Ciosac. Ao pular para não ser atingido, o PM teria se desequilibrado e a arma disparou. O advogado do sargento, Eduardo Morais, não quis comentar o depoimento e disse que o inquérito é sigiloso. O sargento foi afastado das funções e está atuando na parte administrativa da Ciosac.

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