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Aumento Alarmante: Feminicídios no Distrito Federal superam 45% em relação a 2022

Dados da secretaria de segurança pública revelam situação crítica; sociedade e governo buscam soluções.

Feminicídios
Foto: Fernando Frazão/AGB

Faltando apenas quatro meses para o término de 2023, o Distrito Federal (DF) enfrenta uma triste e alarmante estatística: o número de mulheres assassinadas já superou em mais de 45% o total de feminicídios registrados durante todo o ano anterior. Segundo dados atualizados até 29 de agosto pela Secretaria de Segurança Pública do DF, enquanto em 2022 foram registrados 17 casos, em 2023 esse número já alcançou a marca de 25.

A gravidade da situação é agravada por outras estatísticas preocupantes. Oito em cada dez mulheres assassinadas eram mães, e quase sete em cada 10 foram mortas dentro de suas próprias residências. A triste constatação é que, em 84% dos casos, as vítimas já haviam sofrido algum tipo de violência anteriormente, evidenciando um ciclo de agressões.

A secretária da Mulher do DF, Gisele Ferreira, enfatiza a importância das denúncias e da prevenção: "Nós estamos intensificando cada vez mais o acolhimento, falando que a mulher tem que procurar ajuda, tem que denunciar e que existem várias formas de violência, porque antes do feminicídio eles dão sinais: começam com um empurrão, com palavras. Então, a gente tem que colocar toda a sociedade para unir esforços".

No entanto, surpreendentemente, mais da metade dos casos (52%) registrados neste ano já tinham boletins de ocorrência. O secretário de segurança pública, Sandro Avelar, ressalta a necessidade de envolver toda a sociedade na busca por soluções: "É necessária essa integração de várias áreas de governo, mas não só isso. Há que se cobrar o engajamento da sociedade civil. Tem que participar. A imprensa é importantíssima nesse processo".

A falta de estruturas de apoio também é um desafio. Thaís Oliveira, do movimento de mulheres Olga Benário, defende a reabertura da casa Ieda Delgado, referência no atendimento a mulheres vítimas de violência. O governo do DF fechou o serviço, alegando que os recursos já disponíveis são suficientes. O caso está em disputa na Justiça.

"Gostaríamos de ter um imóvel que estivesse abandonado pra conseguir fazer esse atendimento às mulheres, proporcionar abrigo, acolhimento e também ser um centro de informação sobre como se prevenir", explica Thaís. "O principal argumento deles é que o governo já faz o suficiente, que o governo dispõe de equipamentos como o pró-vítima, como a casa da mulher brasileira. Ou seja, para o governo os feminicídios que existem são números pequenos".

A carência de estruturas de apoio é uma preocupação adicional. Atualmente, o Distrito Federal conta com apenas duas delegacias especializadas no atendimento à mulher, uma na Asa Sul e outra em Ceilândia. Além disso, existe apenas uma Casa da Mulher Brasileira, localizada também em Ceilândia, que oferece atendimento especializado às vítimas de violência. A unidade da Asa Norte foi interditada em 2018 pela Defesa Civil devido a problemas estruturais e nunca foi reaberta.

Diante desses dados alarmantes, a sociedade e o governo do Distrito Federal enfrentam o desafio de unir esforços para conter a crescente onda de feminicídios. A cobrança por soluções não se limita ao Poder Público, mas se estende a toda a sociedade, que precisa se engajar na prevenção e no combate à violência contra a mulher. A integração de diversas áreas de governo, a ampliação de estruturas de apoio e o fortalecimento da cultura de denúncia se tornam imperativos nesse momento crítico.

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