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CPI do 8 de janeiro pede investigação sobre pedras preciosas entregues a Bolsonaro

Parlamentares questionam origem e destino de presentes recebidos pelo ex-presidente em Teófilo Otoni (MG).

Jair Bolsonaro
Foto: Reprodução

A CPI do 8 de janeiro solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue a procedência e o destino de possíveis pedras preciosas entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no final de outubro do ano passado em Teófilo Otoni (MG). A investigação foi motivada por uma troca de emails entre funcionários da ajudância de ordens da Presidência, onde é relatado que Bolsonaro teria recebido um envelope e uma caixa com as pedras preciosas destinadas à então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

De acordo com os documentos em posse da CPI, o ex-assessor Cleiton Henrique Holzschuk revelou que, a pedido do tenente-coronel Mauro Cid, um dos principais auxiliares de Bolsonaro, "as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele [Cid]". O militar Cid já é alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) e em outras instâncias, inclusive no caso de joias enviadas ao ex-presidente por autoridades da Arábia Saudita, e encontra-se preso desde maio por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

No pedido de investigação enviado à PGR, os parlamentares questionam se Bolsonaro cometeu o crime de peculato, já que as pedras preciosas não constam na lista oficial dos 1.055 presentes recebidos por ele durante seus quatro anos de mandato. O fato de as pedras terem sido entregues em Teófilo Otoni enquanto Bolsonaro fazia campanha para a reeleição levanta suspeitas sobre quem presenteou o ex-presidente e o motivo da recusa em cadastrar o presente.

O ex-presidente, procurado por meio de seu ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que atua em sua defesa, não se manifestou até o momento da publicação da reportagem.

O advogado Josino Correia Junior, morador de Teófilo Otoni, afirmou que foi ele quem presenteou Bolsonaro com as pedras preciosas durante sua visita à cidade. Ele disse que se tratavam de pedras semipreciosas compradas na véspera da visita e que custaram R$ 400. A foto do momento da entrega foi enviada à Folha como comprovação, mostrando também a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e do general Walter Braga Netto, então candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro.

Especialistas consultados pela reportagem afirmam que é difícil estimar o valor do estojo de pedras preciosas, dada a diversidade de fatores que influenciam o mercado, como tamanho, cor, lapidação e pureza. Lojistas da região de Teófilo Otoni informam que o quilate do topázio azul varia de aproximadamente R$ 35 a R$ 73, o quilate do citrino é negociado entre R$ 20 e R$ 30, e o quilate da prasiolita varia de R$ 10 a R$ 30.

A CPI pretende esclarecer os detalhes sobre o presente e sua origem, buscando transparência e investigando se houve algum ilícito envolvendo as pedras preciosas entregues ao ex-presidente e sua esposa.

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