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Hacker revela que Bolsonaro sugeriu autoria de grampo no celular de ministro do STF

Walter Delgatti Neto expõe em depoimento à CPMI detalhes de conversa com ex-presidente sobre suposto grampo no telefone de Alexandre de Moraes

A deputada Carla Zambelli e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Foto: Marcos Corrêa/PR

Brasília, DF - Durante seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) realizada no dia 8 de janeiro, o hacker Walter Delgatti Neto trouxe à tona informações surpreendentes. Delgatti Neto, também conhecido como o "Hacker da Lava-Jato", revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria afirmado a ele que havia conseguido grampear o celular do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As revelações, feitas nesta quinta-feira (17/8), desencadearam uma nova onda de questionamentos sobre as práticas e ações do ex-presidente.

Segundo Delgatti Neto, Bolsonaro teria buscado sua cooperação para assumir a autoria do suposto grampo no celular do ministro Moraes. "Eu falei com o presidente da República e, segundo ele, teriam conseguido um grampo, que era tão esperado naquela época, do celular do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo tinha sido realizado já e teria conversas comprometedoras do ministro", relatou o hacker. "Ele [Bolsonaro] precisava que eu assumisse a autoria desse grampo", completou.

De acordo com Delgatti Neto, a escolha recaiu sobre ele devido ao seu envolvimento no vazamento de mensagens atribuídas ao então ministro da Justiça, Sergio Moro, em 2019, durante a chamada "Vaza-Jato". O hacker alegou que Bolsonaro teria argumentado que a esquerda não questionaria sua autoria, já que ele havia admitido anteriormente sua participação no "Vaza-Jato", com apoio de setores políticos.

O depoimento de Delgatti Neto também trouxe à tona o papel da deputada Carla Zambelli (PL-SP) como intermediária entre ele e Bolsonaro. Segundo o hacker, Zambelli teria enviado uma mensagem a alguém e, em seguida, o ex-presidente entrou em contato com ele. A conversa teria revelado detalhes sobre o grampo, inclusive a alegação de que o mesmo teria sido realizado por "agentes de outro país". O hacker destacou, no entanto, que não teve acesso direto às provas do suposto grampo.

Outra revelação impactante envolveu a tentativa de envolvimento de Delgatti Neto na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo seu depoimento, Zambelli o teria instigado a invadir sistemas de justiça para demonstrar a fragilidade do sistema judiciário. Ele afirmou que recebeu pagamentos da deputada para incluir um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes no sistema do CNJ. "A deputada me disse que eu precisava invadir algum sistema de justiça ou o TSE em si, algum sistema que demonstrasse a fragilidade do sistema de Justiça", relatou o hacker.

Delgatti Neto afirmou que, além do CNJ, sua invasão alcançou vários tribunais do país. Ele alegou ter acesso a processos, senhas de juízes e servidores, permanecendo infiltrado na intranet da Justiça brasileira por quatro meses. O hacker detalhou que os pagamentos de Zambelli por esse trabalho totalizaram R$ 40 mil, divididos em pequenos valores.

O depoimento de Walter Delgatti Neto na CPMI trouxe à tona uma série de revelações sobre suas interações com o ex-presidente Bolsonaro e a deputada Zambelli, levantando questionamentos sobre o uso de métodos questionáveis e ilegais para fins políticos. As revelações prometem alimentar ainda mais a polêmica política e jurídica que tem envolvido o cenário brasileiro nos últimos anos.

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