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Descumprimento de regras de segurança pode ter causado acidente que deixou mortos em engenho entre Escada e Primavera, diz auditor do trabalho

Trator com veículo adaptado, que caiu em ribanceira na terça (18) e deixou 16 feridos, levava trabalhadores, mas autorização prévia e medidas de prevenção a acidentes são necessárias.

Trabalhadores Rurais
Israel José do Nascimento, de 37 anos (à esquerda), e Ednaldo de Oliveira Belo, de 43 anos (à direita), morreram em acidente na Zona da Mata — Foto: Reprodução/WhatsApp

O descumprimento de regras de segurança pode ter causado o acidente que deixou duas pessoas mortas e 16 feridas, quando um trator com transporte adaptado levava trabalhadores da Usina União. É o que apontou o auditor fiscal do trabalho Carlos Silva, responsável pela investigação trabalhista do caso, ocorrido na terça-feira (18) no Engenho Limeira, entre Primavera e Escada, na Zona da Mata de Pernambuco.

De acordo com o especialista, a empresa deveria ter medidas de segurança, treinamento de motorista e autorização prévia para realizar esse tipo de transporte. "Pelo que a gente viu, é provável que essas obrigações não tenham sido cumpridas, de maneira que isso tenha levado ao acidente", afirmou o auditor fiscal.

O g1 procurou a Usina União para obter uma resposta sobre isso, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. Após o acidente, a empresa divulgou uma nota dizendo que a chuva contribuiu para danificar as estradas, além de afirmar que prestou os primeiros socorros e informar que ”dará total apoio as famílias enlutadas e as vítimas sobreviventes”.

Nesta quinta-feira (20), quatro trabalhadores prestam depoimento à Polícia Civil sobre o caso. A oitiva é feita pelo delegado Diogo Bem, titular de Vitória de Santo Antão, outro município da Zona da Mata do estado, já que ele também assumiu a Delegacia de Escada devido às férias do delegado titular dessa cidade.

Os trabalhadores de uma equipe de aplicação de pesticida da Usina União estavam num transporte que era puxado por um trator. Eles voltavam para casa depois de um dia de trabalho na lavoura de cana-de-açúcar. Era por volta do meio-dia quando ocorreu o acidente.

Funcionários que estavam no local do acidente contaram à Globo que havia, pelo menos, 30 metros de altura da estrada em que o veículo estava até o local onde parou, o que equivale a um prédio de 10 andares.

Segundo o auditor, o transporte de trabalhadores com veículo adaptado é permitido somente em casos excepcionais, desde que tenha autorização prévia dos órgãos de trânsito.

"[A autorização é dada, por exemplo, para] transporte em estradas vicinais, não pavimentadas, que é o que a gente consegue depreender das imagens que têm circulado. Onde ela não tem uma largura padrão, não tem pavimentação, é comum que, nessas condições, se enquadre a excepcionalidade. Porém, a excepcionalidade vai ser tratada caso a caso", afirmou Carlos Silva.

O auditor também disse que, para poder ocorrer o transporte em veículos adaptados, é preciso adotar uma série de medidas de segurança.

"Resumidamente, ele tem que ter um local adequado para transporte das pessoas, com barras laterais resistentes, com capota, com cinto de segurança, com escada para acesso, com motorista devidamente habilitado, treinado para realizar esse tipo de condução, e um sistema de inspeção abrangido pelo programa de gestão e gerenciamento de riscos do trabalho rural, coordenado pela usina", declarou.

Um dos sobreviventes foi o trabalhador Elias Ferreira. Ele disse que pulou do veículo no momento do acidente. Os mortos foram identificados como Ednaldo de Oliveira Belo, de 43 anos, e Israel José do Nascimento, de 37 anos. Ednaldo deixou mulher e três filhos.

Israel era casado, há 18 anos, com Sônia do Nascimento. A filha do casal, Rayanne, tem 15 anos. Na quarta-feira (19), Sônia contou que o marido já havia presenciado situações em que acreditava ter escapado por pouco de um acidente.

Três feridos foram internados no Hospital da Restauração, na área central do Recife: os irmãos Edvan Eduardo Soares e Ricardo Eduardo Soares, e Adeildo Luís Domingos. Outras duas pessoas, que não foram identificadas, foram levadas para o Hospital Dom Hélder Câmara, no Cabo de Santo Agostinho.

Informações sobre o estado de saúde dos feridos não foram divulgadas até a última atualização desta reportagem.

Fonte: G1

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