Paiva Netto |
Adam
Smith (1723-1790),
economista e filósofo escocês, o chamado pai da economia moderna, escreveu
em Teoria dos Sentimentos Morais:
“Por
mais egoísta que se suponha o homem, evidentemente há alguns princípios em sua
natureza que o fazem interessar-se pela sorte de outros, e considerar a
felicidade deles necessária para si mesmo, embora nada extraia disso senão o
prazer de assisti-la. (...)
“Por
intermédio da imaginação podemos nos colocar no lugar de nosso irmão, concebemo-nos
sofrendo os mesmos tormentos, é como se entrássemos no corpo dele e de certa
forma nos tornássemos a mesma pessoa, formando, assim, alguma ideia das suas
sensações, e até sentindo algo que, embora em menor grau, não é inteiramente
diferente delas. Assim incorporadas em nós mesmos, adotadas e tornadas nossas,
suas agonias começam finalmente a nos afetar, e então trememos, e sentimos
calafrios, apenas à imagem do que ele está sentindo”.
E é justamente quando, sentindo a dor de
nossos Irmãos em Humanidade, passamos a perceber o imenso valor que possui a
Solidariedade, a Compaixão, a Fraternidade, a Generosidade. Por isso, ao me
referir à Solidariedade Espiritual e Humana, quero reforçar que se trata de
uma Estratégia Divina,
pedagógica, a nos ensinar a viver fraternalmente irmanados. A outra face disso
é a perspectiva sinistra da guerra de todos os tipos, que é vigorosamente
rejeitada pelo Cidadão do Espírito.
A respeito da nobre atitude de concórdia
a ser exercitada entre os habitantes do orbe, nos fala o radialista e
poeta Alziro Zarur (1914-1979)
nestas estrofes de seu incomparável:
Poema da Amizade
Eu
tenho, neste espírito de velho
Que
não compreende a vida em solidão,
Meu
particularíssimo Evangelho:
Amizade
é a minha religião.
Nem
só de feras se compõe o mundo,
Como
proclamam todos os egoístas:
Basta
verificar o amor profundo
Que
transborda nas almas dos altruístas.
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Mas
é preciso que haja em todos nós
Um
pouco de renúncia e de modéstia,
Uma
nesga, uma fímbria ou fraca réstia
De
solidariedade em nossa voz.
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Cultivemos,
senhores, a amizade
Em
suas santas manifestações,
Sentindo
as agonias e aflições
Das
camadas servis da sociedade!
Por
isso eu tenho – espírito de velho
Que
não compreende a vida em solidão –
Meu
particularíssimo Evangelho:
Amizade
é a minha religião.
Ao encontro dessa verdadeira ode à
amizade, apresento, por oportuna, a substanciosa conclusão do monsenhor Gaspar Sadoc (1916-2016)*, da
Igreja Nossa Senhora da Vitória, em Salvador/BA: “Quando os amigos estão reunidos, até os ponteiros do relógio param, a
gente não sente o tempo passar. A amizade é uma bênção de Deus”.
Dedico-lhes sempre este mantra sagrado da
Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo: Quem confia em Jesus não perde
o seu tempo, porque Ele é o Grande Amigo que não abandona amigo no meio do
caminho.
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*
Em 5 de novembro de
2009, o monsenhor Gaspar Sadoc proferiu esse pensamento ao visitar a Super
Rádio Cristal AM 1.350, emissora da Super Rede Boa Vontade de Rádio, em
Salvador/BA. Na ocasião, foi presenteado pela equipe de comunicação da LBV com
um porta-retratos contendo a majestosa estampa de Jesus, o Cristo Ecumênico, o
Divino Estadista, o que o deixou muito comovido. Naquela data, aos 93 anos de
vida e 70 de dedicação sacerdotal, ao ser entrevistado falou sobre sua
trajetória, a simpatia dele pelo trabalho da Legião da Boa Vontade e sua
amizade com Paiva Netto.
José de Paiva Netto
― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br
— www.boavontade.com
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