Paiva Netto |
Há
muitos conceitos sobre a música. Refletindo a respeito dos períodos em que se
vem decisivamente manifestando pelas eras, podemos concluir que ela existe
desde antes dos tempos. De fato, é instrumento dessa grande obra-prima do Pai
Celestial: o Universo, ou os Universos.
Ao
lermos os capítulos iniciais do Gênesis mosaico, sentimos a forte harmonia
nascida do surgimento dos rios, das árvores, dos animais, da separação das
terras, da expansão dos mares e da própria formação do nosso Espírito Eterno. A
partir daí, é possível estabelecer diversos e significativos momentos em que a
música se casa com a história das muitas civilizações e correntes de pensamento
que dão vida ao planeta. Uma nota musical pode salvar muitas vidas. A música elevada é um instrumento da
Fortaleza chamada Deus! A boa música é um elo inquebrantável que une a
criatura ao Criador.
Diante
disso, temos a noção exata de que o pulsar da Vida, o Bem, a Solidariedade, o
Respeito e a Caridade são igualmente melodias sublimes, sons, ritmos que afinam
nossos pensamentos, palavras e ações pelo diapasão da Justiça e do Amor
Divinos.
Deus em cada criatura
Aproveito
o ensejo para agradecer a correspondência que recebi da professora Adriane Schirmer, de São Paulo/SP, na
qual comenta sobre minha modesta produção: “Gostaria de parabenizá-lo por suas melodias. Tocam profundamente nossa
Alma e despertam em nós os melhores sentimentos. Valem por uma súplica, uma
oração ao Pai Celestial. Quando as entoamos, sentimos, tal qual nos momentos de
prece, o coração limpo. E, quando isso acontece, vemos Deus em cada criatura,
em cada planta, em cada pôr do sol... Assim, de coração limpo e Alma ajoelhada,
nos tornamos aptos a aprender a amar sem imposições, a amar com o Amor de
Jesus”.
Música e medicina
Grato,
leitora Adriane, inclusive por me ter encaminhado o belo texto de apresentação
da obra O Médico, de Rubem Alves (1933-2014):
“Instrumentos musicais existem não
por causa deles mesmos, mas pela música que podem produzir. Dentro de cada
instrumento há uma infinidade de melodias adormecidas, à espera de que acordem
do seu sono. Quando elas acordam e a música é ouvida, acontece a Beleza e, com
a Beleza, a alegria. O corpo é um delicado instrumento musical. É preciso cuidar
dele, para que ele produza música. Para isso, há uma infinidade de recursos
médicos. E muitos são eficientes. Mas o corpo, esse instrumento estranho, não
se cura só por aquilo que se faz medicamente com ele. Ele precisa beber a sua
própria música. Música é remédio. Se a música do corpo for feia, ele ficará
triste – poderá mesmo até parar de querer viver. Mas se a música for bela, ele
sentirá alegria e quererá viver. Em outros tempos, os médicos e as enfermeiras
sabiam disso. Cuidavam dos remédios e das intervenções físicas – bons para o
corpo – mas tratavam de acender a chama misteriosa da alegria. Mas essa chama
não se acende com poções químicas. Ela se acende magicamente. Precisa da voz,
da escuta, do olhar, do toque, do sorriso. Médicos e enfermeiras: ao mesmo
tempo técnicos e mágicos, a quem é dada a missão de consertar os instrumentos e
despertar neles a vontade de viver...”
Fica
aqui então minha homenagem aos bons músicos, bons criadores de instrumentos
musicais e, é claro, aos bons médicos e enfermeiras.
José de Paiva Netto
― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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