Paiva Netto |
A
sabedoria das mulheres não pode ser desprezada, principalmente quando o assunto
é a administração dos bens planetários. Nesse sentido, gostaria de
recordar-lhes o que afirmei há décadas: homem algum pouco realiza de
legitimamente proveitoso em favor da Paz se não contar, de uma forma ou de
outra, com a inspiração feminina, sobretudo no campo da Economia, que não pode
ser pega no grave crime de esquecer o espírito de Solidariedade. Não há melhor
financista do que a mãe de família, a dona de casa, que tem de cuidar do seu,
muitas vezes, minúsculo orçamento, realizando verdadeiros milagres, dos quais
somos todos testemunhas, desde o mais influente ministro da Fazenda ao cidadão
mais simples. É notório que, para aplicar essa ciência ou arte — em que a
distribuição dos recursos e das fontes de renda não exclua nenhuma filha ou
filho deste grande lar chamado Terra —, a ação da mulher é fundamental.
Exaltar a face cordial da Economia
Um
caminho econômico em que sejam garantidas a todos condições dignas de sobrevivência
não é pensamento nefelibata. Sempre um bom termo pode surgir quando os
indivíduos nele lealmente se empenham. Bem a propósito este ilustrativo
aforismo do padre português Manuel
Bernardes (1644-1710), autor de Pão partido em pequeninos: “Com
bom regulamento pode até o pouco bastar para muitos; sem ele, nem a poucos
alcança o muito. Todo excesso, nos particulares, causa, no comum, penúria. De
dois que estão no mesmo leito, se um puxa muito a coberta para si, é forçoso
que o outro fique descoberto”.
De
maneira alguma estou propondo que as migalhas que caem das mesas fartas sejam a
base da existência dos que vivem na miséria. Não falo de sobras; porém, da
consciência honesta, que não pode eternamente admitir que o seu bem-estar
permaneça estabelecido sobre a fome dos deserdados. Isso é Evangelho puro de
Jesus; é a essência da mensagem dos Livros Sagrados e da Regra de Ouro das
mais diversas culturas; é a voz de tantos notáveis, religiosos ou ateus, que
não podem conceber que, no terceiro milênio, ainda haja populações submetidas à
pobreza num planeta construído pela Bondade de Deus.
José de Paiva Netto ― Jornalista,
radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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