Tem ficado muito corriqueiro que, com a
mesma intensidade com que começa, um relacionamento se evapore também. O ser humano está a cada instante mais insatisfeito com o
que tem, e por vezes, não consegue identificar o que se quer realmente Muitos estão
marcados por uma profunda "cegueira" com o discurso pronto como "direitos" e "liberdade” ou " não rotular a relação".
Palavras ditas para defender os interesses específicos de cada um. Parece que
nada mais será como antes. Não são poucos os casais que não resistem a estas
primeiras grandes confrontações.
Mas, o que pode estar acontecendo? No começo formam um casal, mas não se veem como "dois". Afundam, por vezes, em um processo pessoal onde um busca ultrapassar o outro. Segundo Bauman (1998) ‘’as principais características da modernidade líquida são os desapegos, a provisoriedade, o acelerado processo da individualização e o conflito entre liberdade e segurança’’.
Trata-se de um processo guiado pela capacidade
de projetarmos sobre o outro nossos desejos e as formas que aprendemos, principalmente,
quando de nossa situação familiares, como pai e mãe. Esta forma de agir no
relacionamento tem enterrado amores intensos, fazendo com que um, quando se
sinta contrariado, logo vire o rosto na primeira adversidade. Não se trata,
então, de um completar o outro, mas a tentativa de um dissolver o "outro" e quando se vê
contrariado parte para o duelo final logo nas primeiras dificuldades.
As dificuldades no
relacionamento precisam ser refletidas, tratadas, e não simplesmente
abandonadas como se não se encaixassem naquele "modelo ideal" que é
construído para o casamento. Um modelo que me leva a querer que o outro
simplesmente se enfie nas minhas vontades. Desistir, então, não é o
problema, mas estamos sabemos mesmo por que motivos estamos desistindo de um
relacionamento? Não estaríamos desistindo muito facilmente? Enfim, claro que cada
caso é um caso. Não temos uma cartilha do certo ou errado.
É assim que mágoas e rancores do passado
acabam transbordando nos relacionamentos atuais. É dessa história que nos pesa
que necessitamos nos livrar e assumirmos o papel de protagonista de uma nova biografia.
Relacionamento, portanto, é construção, é trabalho, é esforço, é suor. Há
garantias de sucesso? Não há! Mas dá pra
desistir tão fácil? Dá! Mas, pode ser uma pena. Você decide.
Referências: BAUMAN, Z. Modernidade Líquida, 2001.
Até a próxima.
Ana Gonçalo.
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