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Debate sobre proibição da distribuição de sacolas plástica no comércio lota plenarinho

Cerca de 130 pessoas acompanharam a discussão e conscientização sobre o tema

Foto: divulgação

A Câmara Municipal do Recife, através do vereador Samuel Salazar (sem partido), promoveu nesta terça-feira (17), debate sobre a proibição da distribuição das sacolas plásticas no comércio da cidade. O ponto alto da audiência foi o pensamento comum a todos que a educação é maior aliado da mudança do hábito que o projeto propõe. Dentre as devolutivas pontuadas na discussão, está a conscientização da população acerca dos danos causados pelo material plástico utilizado em larga escala quando não descartado adequadamente em condições de reciclagem, bem como os ganhos para o meio ambiente com a utilização de material não-descartável e não-poluente. O objetivo foi realizar um debate democrático, despertar a participação popular e convocar os órgãos públicos para o processo de decisão. Salazar é autor do PL 158/2019 que versa sobre o tema. A partir da audiência, o PL será alterado conforme as ideias discutidas no dia. 

“A difusão das ideias de preservação tem que ser abraçada por todos. Elas não são só responsabilidades dos poderes políticos como Executivo, Legislativo e Judiciário. Os impactos, afinal, não serão seletivos. A natureza cobra e o resultado é fruto das ações antrópicas, que são realizadas pelo homem. Que a conscientização do uso de sacolas plásticas seja abraçada como mudança de comportamento ambiental. Que seja aceita não por revolução social, mas por meio da evolução de ações e pensamentos. Que nós recifenses assumamos o compromisso voluntário da responsabilidade ambiental”, pediu Salazar.

Na discussão, estiveram presentes à mesa a gerente de sustentabilidade da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Danielle Sampaio; representante do Projeto Recife Sem Plástico, Renata Campelo; representante do Sindicato do Comério Varejista (SindiVarejista), Laércio Ribeiro; representante da Secretaria de Educação, Marta Azevedo; o promotor de Justiça do Ministério Público, André Menezes; a fundadora da consultoria Ecoe Sustentabilidade, Susanne Batista; presidente da Plastivida e representante do Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Pernambuco, Miguel Bahiense; e o presidente do Conselho de Meio Ambiente (Contema) da Fiepe, Anísio Coelho.

Na ocasião, a gerente de sustentabilidade da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Daniella Sampaio, destacou que a Semana Mundial da Limpeza está sendo vivenciada e finalizará no próximo sábado (21). “Nosso objetivo é somar forças, compartilhar experiências e ajudar a limpar o planeta. O nosso desafio é o tornar o Recife como referência de cidade sustentável”, disse. A representante do projeto Recife Sem Plástico, bióloga e doutora em ciências marinhas, Renata Campelo, citou que no ano de 2010, foram 4,8 milhões a 12,7 milhões de toneladas jogados nos oceanos. Em 2014, 269 mil toneladas de plástico estão boiando, um volume que equivale a 5,25 trilhões de partículas do material. “O plástico é o nosso maior desafio ambiental do século XXI”, alertou. “O primeiro passo precisa ser a redução do consumo e essa redução vem através das nossas práticas diárias. É reduzir, reciclar, é repensar nossos hábitos”, destacou Renata. 

Enquanto que o representante do Sindicato do Comério Varejista (SindiVarejista), Laércio Ribeiro, destacou que o sindicato é apoiador da proteção do meio ambiente. “Temos projeto conjunto com Jaboatão dos Guararapes de papa pilhas. Recolhemos pilhas em vários estabelecimentos do Recife e de todo o estado de Pernambuco. Fazemos o recebimento de 800 a 1000 quilos desses materiais que seriam descartados no meio ambiente; e enviamos para as empresas, elas voltam para fechar o ciclo”, contou. “Temos visto com bons olhos a questão de parar de distribuir as sacolas plásticas, mas ficamos preocupados com os pequenos empresários”, explicou. 

Foto: divulgação

Segundo a representante da Secretaria de Educação do Recife, Marta Azevedo, a rede pública abrange 90 mil alunos que estão distribuídos em 312 escolas. “Nossa gerência trabalha estimulando os projetos ambientais nas escolas e educando nossos alunos, que mais na frente vão mostrar o resultado desse fomento e cuidar mais do meio ambiente”, completou. De acordo com Marta, na rede há também o projeto das ecobarreiras e o barco-escola, esse com 16 anos de ações, que já contemplou 16 mil estudantes. Uma das escolas presentes na audiência foi a Elizabeth Sales que tem o projeto “Escassez da água como problema global”.

O promotor de Justiça e Meio Ambiente do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), André Menezes, falou que o consumidor tem que se reeducar. “Precisamos desenvolver um novo modelo mental, uma nova realidade de que nós vamos ao supermercado, ao comércio e não teremos as sacolas à disposição. Temos que internalizar uma nova cultura. Pelo menos a existência do projeto está gerando o debate público. Quem vai fazer essa lei pegar, e espero que seja, é cada um de nós”, destacou. Susanne Batista, do projeto Ecoe Sustentabilidade, pontuou que a reciclagem não é a solução, porque ela no nível hierárquico é o quarto ponto. “Primeiro, precisamos repensar nossas práticas, recusar, reduzir e o quarto ponto é reciclar. Que a gente não entenda a reciclagem como primeiro passo”, explicou. 

Miguel Bahiense, representante do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de Pernambuco (Simpepe) e presidente do Plastivida, apresentou uma visão socioambiental para contribuir no PL do vereador Samuel Salazar. “Todos os atores da sociedade estão incluídos na solução. A indústria não existe para vender, lucrar e ponto final. Estamos falando de conscientização, de mudança de comportamento e eu reitero isso. Mudem essa visão, porque essa visão não condiz com a realidade, a indústria precisa ser perene, continuada. A indústria já entendeu que se não mudar o ponto de vista, não evoluirá compartilhadamente, por isso é signatária da política nacional de resíduos sólidos”, defendeu. 

O presidente do Conselho de Meio Ambiente (Contema) da Fiepe, Anísio Coelho, elogiou a iniciativa da audiência. “A sociedade precisa debater, porque é um tema complexo. Não é simples, precisamos coletar informações, dados, estudos, para daí se ver o melhor encaminhamento. Realmente é um problema que afeta todos nós, que afeta nossa sociedade. E, lamentavelmente, somos uma sociedade de consumo”, disse. 

A reunião também contou com a presença de representantes do Colégio Damas e Equipe; da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade Católica (Unicap) e Faculdade Frassinetti do Recife (Farire). As Organizações não Governamentais (ONGs): Pernambuco Sem Lixo, Ecoassociados, Recife Lixo Zero, Insituto Lixo Zero e Reciplas. Além do Sindicato dos Trabalhadores nas Ind. de Mat. Plásticos de Pernambuco (Sintraplast), a Secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco, Fecomércio, Emlurb e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Sindcon/Jaboatão).

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