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Mitomania: A Doença da Mentira Compulsiva



Crescemos ouvindo que mentir é feio. E talvez até seja mesmo, dependendo do grau de moralidade assumido por cada um de nós. Mas valores à parte, convenhamos que a mentira é necessária em determinadas ocasiões.

Imagine como o mundo seria caótico se todos fossem sinceros o tempo inteiro. Acabaríamos magoando uma amiga por seu novo corte de cabelo que não ficou bom, uma namorada ao dizer que ela engordou alguns quilinhos ou um pai por revelar que não gostou do presente que ele lhe deu no aniversário. Mais do que isso: Verdadeiras guerras seriam travadas ao redor do mundo devido a esse excesso de sinceridade.

Mentir de vez em quando, mais do que necessário, é natural. Natural no sentido literal do termo: faz parte da natureza. Animais se camuflam para se protegerem dos predadores, e alguns vírus por exemplo, enganam as defesas do organismo para se proliferarem.

Mas em nós, humanos, essa conduta também pode ser bastante prejudicial. Quando a mentira se torna um hábito incontrolável, entra na categoria de transtorno mental. Esse especificamente, chamado de “mitomania”. Você também  pode ouvir por aí os seguintes termos: pseudolalia, pseudologia fantástica, mentira patológica ou compulsiva.

Tem todas as características de uma compulsão, pois assim como nos casos de vício em álcool ou drogas, o mitômano não possui força de vontade suficiente para parar de mentir.

Isso os difere dos psicopatas, abordados em outro artigo aqui da coluna Freud explica, já que estes últimos tem controle sobre o que dizem e mentem sempre com o intuito de obter algum tipo de ganho.

Quem mente compulsivamente, inventa histórias de diferentes níveis de complexidade, desde simples a mirabolantes.

Alguns fatos sobre a mitomania:

  • Os enredos das mentiras não são completamente improváveis, apresentam uma certa conexão com a realidade;
  • Se manifesta em qualquer situação e de forma crônica;
  • As histórias não têm um tema específico, mas o mitômano sempre se retrata como herói;
  • A mentira patológica está geralmente associada a transtornos de personalidade como o antissocial e o borderline;
  • O indivíduo tem plena consciência de que o que diz é mentira, simplesmente não consegue parar e acha que não fará mal a ninguém.


Este último ponto é uma faca de dois gumes, pois acontece justamente o oposto. Muitas vezes quem convive com esse tipo de pessoa é afetado em algum momento e acaba se afastando, o que faz do mitômano um sujeito solitário.

Ao menor sinal de brechas que o revelem, ele acaba mentindo mais ainda, alimentando seu próprio ciclo de sofrimento. Apesar disso, dificilmente procura ajuda, uma vez que acredita ser inofensivo.

Entretanto, quando finalmente chega ao consultório para trabalhar as causas do problema, pode também precisar de tratamento psiquiátrico para ansiedade e depressão.

Não é senso comum, mas as origens psicológicas da mitomania estão em boa parte atreladas a sérios conflitos familiares, nos quais essas pessoas se vêem presas. Elas idealizam suas relações para a sociedade, fingindo conviver bem com seus dramas pessoais.

A baixa autoestima e a necessidade de aceitação justificam a grandeza e a ostentação com que se apresentam, em suas mentiras. Afinal, pensam que ninguém se interessaria por eles se se mostrassem como realmente são.

Vale salientar que todo esse movimento é pura defesa do inconsciente, que se transforma em sintoma psíquico e só vai sendo descoberto e desmanchado através da terapia.

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Fique atento: Meu próximo post será sobre autismo, em referência ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que ocorreu no dia 02/04.

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