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'Popstars' Feliciano e Bolsonaro estudam deixar Partido Social Cristão

Em 2014, o PSC (Partido Social Cristão) era uma festa


Folha SP - A sigla realizava sua convenção nacional na Assembleia Legislativa de São Paulo. Lá fora, caixas de som tocavam "Hotel California". Dentro, uma selfie reunia dois deputados, Marco Feliciano e Jair Bolsonaro, e o candidato à Câmara Dr. Rey. "Os dois maiores héteros e o homem que toca todas as mulheres [o cirurgião plástico Rey]", bradava Feliciano no salão. Do trio, só Bolsonaro não era filiado ao PSC –ainda. No ano seguinte, ele trocou o PP pelo partido, que já abrigava um de seus filhos, Eduardo, deputado que nem o pai.


A festa acabou. Potenciais puxadores de votos da legenda, Bolsonaro e Feliciano já articulam o divórcio eleitoral (após perder em 2014 e declarar que "o Brasil preferiu os mesmos malandros de sempre", Dr. Rey deixou a sigla). Pré­candidato à Presidência, o primeiro foi o deputado mais votado no Rio em 2014 (465 mil votos). O segundo teve a terceira melhor colocação no pleito paulista (398 mil). Junto com o pai debandariam também três Bolsonaros. O primogênito Flávio se candidatou a prefeito carioca e, mesmo terminando no quarto lugar, teve desempenho acima do esperado (14%, contra 10% projetados pelo Ibope). Também em 2016, o caçula Carlos virou o vereador mais votado no Rio (106 mil eleitores). E Eduardo, dois anos antes, ganhou 82 mil votos em São Paulo e garantiu vaga na Câmara ao lado do pai, estendendo a base fluminense do clã para o Estado vizinho.


Bolsonaro já deixou claro que não fica no PSC. Tinha um pré­acordo com o partido, conta: se conseguisse 10% das intenções de voto para a corrida presidencial de 2018, "a legenda seria minha". Apareceu com quase isso: 9% em pesquisa Datafolha de dezembro. Ele se diz decepcionado com a aliança no Maranhão, em 2016, entre o partido e o governo de Flávio Dino, do PC do B –o Partido Comunista do Brasil, que seria inconciliável com sua ideologia de direita. Notícias da parceria foram ilustradas com foto em que o presidente do PSC, pastor Everaldo, posa ao lado de Dino e de um retrato da então presidente Dilma Rousseff. Ao votar a favor do impeachment da petista, em abril passado, Bolsonaro disse que o fazia "pela memória" do "pavor de Dilma", o coronel Carlos Brilhante Ustra, que a torturou na ditadura.


A Folha apurou que Feliciano vê o PSC balançado e conversa com outros partidos. Questionado, ele só afirma que sua intenção é se candidatar ao Senado em 2018. Diz considerar o momento propício a conservadores como ele. "E minha rejeição vem de um grupo pequeno, os gays." Segundo Bolsonaro, com essas defecções à vista, o PSC arrisca cair na "zona de rebaixamento" se a cláusula de barreira vingar. Refere­se à lei, em votação no Senado, que estrangularia partidos nanicos ao limitar dinheiro do fundo partidário às siglas incapazes de obter 2% dos votos totais para a Câmara. Em fevereiro, o PSC teve direito a R$ 1,5 milhão em verbas do fundo (PT, com o maior aporte, abocanhou R$ 7,6 milhões), segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Nome do partido em maior evidência no jogo interno da política, o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC­-SE), relativiza uma eventual deserção dos colegas. "É lógico que a gente gostaria muito que eles ficassem, mas o PSC tem um planejamento forte para 2018 –eleger deputados em todos os Estados." O próprio Moura, contudo, está sendo cortejado por dirigentes do PMDB, segundo a coluna "Painel". O presidente do partido diz desconhecer uma insatisfação de Feliciano. Sobre Bolsonaro, "as torcidas do Flamengo e do Botafogo estão sabendo do problema dele [com a gente]", afirma o pastor Everaldo.

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