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ISRAEL SILVA: Multidão grita por justiça em Lagoa de Itaenga

por Lissandro Nascimento
O assassinato a tiros do radialista Israel Silva em Pernambuco, é o quinto jornalista morto este ano no Brasil.
Fotos: Pedro Silva – A Voz da Vitória
Sob forte comoção popular e com diversas manifestações pedindo “Justiça” foi sepultado na tarde dessa quarta-feira (11/11) no Cemitério de Lagoa de Itaenga, na Zona da Mata, o Radialista Israel Gonçalves da Silva, de 37 anos, morto na manhã da terça (10). Situada a 64 km. do Recife, Lagoa de Itaenga possui 21.244 habitantes. Além de comunicador, Israel Silva era funcionário público, lotado na Guarda Municipal. Na Rádio Comunitária Itaenga FM, ele tinha um programa voltado para os problemas da cidade abordando segurança e política. Na sessão Microfone Aberto, ele dava espaço para a população fazer suas reivindicações diretamente às autoridades e colaborava como correspondente do Portal A Voz da Vitória. Cerca de 5 mil pessoas acompanharam o cortejo fúnebre que saiu da Câmara de Vereadores do Município para o Cemitério local, com faixas, balões brancos e muitas homenagens, a população soltou os balões em referência à paz e exibiu cartazes com demonstrações de carinho pelo comunicador. Ele deixa esposa e dois filhos adolescentes.
O velório foi acompanhado pela equipe do Portal A Voz da Vitória desde que o corpo do comunicador chegou ao local do velório às 11h30 e às 16h15 deixava sob fortes aplausos até o Cemitério. Em sinal de protesto, donos de lojas do centro comercial fecharam as portas enquanto o corpo passava pela cidade. O prefeito Lamartine Mendes (PTB) decretou Luto Oficial de apenas 01 (um) dia no Município. Às 16h50 Israel foi sepultado sob fortes gritos por justiça.
Entre as autoridades presentes ao velório,  estavam o Deputado Estadual do PSOL Edílson Silva, presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, bem como o Dep. Henrique Queiroz (PR). Para Queiroz, a suspeita é de que o trabalho de Israel tenha incomodado grupos armados que atuam na região. Já Edilson Silva, colocou-se à disposição para prestar solidariedade e acompanhar as investigações. “Esperamos uma solução, como ocorreu com a chacina de Poção, em que o caso foi elucidado”, declarou o deputado.

A morte do radialista segue sob a investigação do Delegado João Gaspar que adiantou a imprensa a existência de dois foragidos e que aguarda a perícia balística, pelo qual trará nos próximos dias o resultado que poderá confirmar se da arma apreendida com um menor de 17 anos foi a mesma dos disparos efetuados contra a vítima. Ele ainda salientou que é cedo para indicar as reais motivações do crime e que vai localizar um Boletim de Ocorrência (B.O.), registrado meses atrás por Israel, apontando ameaças de morte sofridas.
Dois suspeitos teriam cometido o assassinato, utilizando arma de grosso calibre – Israel Silva foi atingido no braço e no pescoço. Segundo a Polícia Militar, opinião ‘ostensiva’ dele no programa de rádio pode ter motivado o crime. Ainda na terça (10), duas pessoas foram detidas e dois adolescentes foram apreendidos, em Lagoa de Itaenga. No entanto, de acordo com o Delegado responsável pelo caso, Pablo de Carvalho, ainda não se sabe se os suspeitos detidos têm envolvimento com a execução do radialista. “As pessoas foram detidas por vários motivos, como posse de arma e de drogas, mas elas não estão necessariamente ligadas ao caso. Ainda estamos investigando”, explicou Carvalho.

REPÚDIO
O assassinato a tiros do radialista Israel Gonçalves Silva em Pernambuco, o quinto jornalista morto este ano no Brasil, foi condenado nessa quarta-feira (10) pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), que exigiu das autoridades uma exaustiva investigação.
“Estamos profundamente preocupados com o aumento alarmante da violência letal contra jornalistas no Brasil, que fez deste País um dos mais perigosos para a imprensa no mundo”, disse em Nova York Carlos Lauría, coordenador sênior do programa do CPJ para as Américas. “Nós pedimos que as autoridades brasileiras investiguem exaustivamente este crime, determinem se ele está relacionado com o trabalho de Silva como jornalista, e processem todos os responsáveis.” Segundo o CPJ, outros quatro jornalistas foram mortos este ano no Brasil em retaliação direta por seu trabalho, e nenhum dos casos foi resolvido.
Outra entidade, a Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP) lançou nota de repúdio e profundo pesar pela violência e consequente morte do radialista de Lagoa do Itaenga, se solidarizando com os familiares e comunicadores da Mata Norte do Estado.
VIOLÊNCIA
A cidade de Lagoa de Itaenga tem registrado nos últimos dois anos alta incidência de assassinatos e forte tráfico de entorpecentes. Sem contar que a Secretaria Estadual de Defesa Social encontra dificuldades de fixar Delegados para atuarem na cidade, dado a grande rotatividade de titulares que por lá passaram. Lá, até pouco tempo atrás, duas grandes “bocas de fumo” dominam a região, e sua rivalização tem ameaçado quem os enfrenta.

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